Inferno no Colégio Interno
Capítulo 3
Por Meh Sz


“Sara... Sara... Sara!”
“O que foi, Maria? Pelo amor, está no meio da noite, me deixe dormir... Amanhã vamos acordar às seis!”
“O Alex fez guloseima.”
“O que?”
“O cozinheiro fez coisas gostosa para comer.”
“E?”
“E vamos lá, ora.”
“Vamos lá onde, doida? Invadir a cozinha?”
“É!! Puxa, difícil você entender, ein! Anda logo, só estou te chamando porque você é minha amiga!”
“Mas e sua irmã?”
“Ahh, ela não vai.”
“O que?”


Lá estava eu, às três da madrugada, invadindo a cozinha do colégio. Culpa da Maria, que me arrastou com ela. Pelo que vi, ela tinha o mau costume de invadir os lugares. Sua irmã dormia num sono profundo, não estava nem aí para o que ela fazia ou deixava de fazer. Só sei que se pegassem a gente, estaríamos frita! E, sinceramente, eu preferiria muito mais me arriscar na companhia de Rick. Tudo bem que a gente ainda não tinha se falado direito desde o primeiro dia de aula, mas trocávamos olhares... Olhares que diziam muito mais.

“Dá para me explicar porque não podemos esperar até amanhã para comer?”
“Porque não comemos. As comidas gostosas são servidas para o diretor e a família dele. Nós só podemos comer coisas saudáveis e naturais.”
“Certo. Já estamos satisfeitas, não? Vamos voltar para o quarto?”
“Ora, você não quer conhecer o resto da escola?”


Maria me levou para tudo que é canto. Mas o lugar mais encantado que visitamos foi a biblioteca proibida. Havia uma biblioteca enorme na escola, que todos os alunos podiam visitar. Mas lá só havia livros chatos. Já na biblioteca proibida, encontramos desde quadrinhos até romances e comédias... Era uma maravilha!
Pelo que Maria me contou, os livros “contrabandeados” entre os alunos eram armazenados ali.

“Mas porque não podemos ler ficção?”
“Porque só querem que absorvemos conteúdo didático.”
“Que besteira! Tem jeito mais gostoso de aprender senão por histórias fantásticas?”

Rimos, deliciadas com o mundo descoberto entre aqueles livros. Todavia, um barulho que vinha de fora fez com que calássemos a boca e nos encolhêssemos.


“O que você acha que é?” perguntou Maria.
“Não sei Maria. Mas se for alguém, estamos ferradas.”
“Sara, por favor, vai na frente..!”
“O que? Você quer que eu me entregue?? Mas foi você que me colocou nessa!”
“Eu já tomei duas convocações... Não quero ir para a torre do castigo, não quero!”
“Tá legal, calma! Eu vou!”

Não é que eu não tinha medo de ir para a torre do castigo. Nem porque eu considerava a Maria uma amiga. Simplesmente não queria ficar escondida enquanto outra pessoa corria riscos por mim. Eu nunca faria isso. Nunca, porque não queria ser parecida com minha mãe em nada.


Quando saí, nada vi. Mas conforme comecei a caminhar, senti um arrepio percorrer minha espinha. Eu senti. E quando olhei através da porta de vidro que ligava a biblioteca ao colégio, lá estava ela.

“... m-mãe?”

Ela não disse nada. Nem me olhou. Continuou sentada, sem expressão, sem cor. Parecia não ter vida. E, num piscar de olhos, desapareceu.


Eu nunca fui uma garota medrosa. Quando me acalmei, senti ódio. Mas, enquanto isso não aconteceu, corri. Garanto: você faria a mesma coisa no meu lugar. Quando estamos com medo, tudo funciona muito rápido dentro da gente. Eu nem precisei pensar em fugir para as minhas pernas se mexerem. Surge uma força, uma rapidez que eu nem sabia que tinha.
Quando parei, ofegava. A boca do estomago doía. Os olhos já haviam se adaptado à escuridão, mas a mente não. Minha cabeça parecia rodar. Na hora, nem pensei na Maria. Dane-se ela.


Muitas coisas acontecem quando não tem que acontecer. Só porque vagávamos na escola noturna, o azar havia escolhido aquela noite para vagar também.
Justo naquela noite, Vitor Castro estava caminhando pelo corredor e deu de cara comigo. Claro que ele iria me dedurar, eu não tinha a menor dúvida disso.

“O que você faz aqui? Estava nos seguindo?” gritei.
“O que? Hann?”
“Não se faça de mal entendido!”
“Sara, ele não sabe de nada! O Vítor é sonâmbulo!”


Mas já era tarde demais para me alertarem. A escola inteira estava nos assistindo, e a inspetora Cátia vinha em minha direção.
Vi os olhos de Madalena percorrer tudo e notar que a irmã não estava ali. Imagino como ela se sentiu, não queria que eu me prejudicasse por causa de Maria, mas também não queria entregar a irmã.
Apesar de o diretor Marcelo ser o soberano naquela escola, todos temia mais a inspetora. Talvez porque ao chegar no diretor não tinha muito o que fazer, já que o pior já estava feito.


Receber uma convocação logo no primeiro mês na escola não é muito legal, deixa uma má impressão. Como vocês já sabem, 3 convocações é o limite para não ir para a Torre do Castigo. Uma convocação nada mais é do que ter seu nome anotado num livro grosso e imundo.
Naquela manhã, apesar da insistência da professora Larissa de que eu não estava aprontando nada, eu recebi minha segunda convocação.

Esta história foi escrita por Meh Sz, com autorização para postagem no site www.thesimstv.net
É proibida cópia parcial ou integral da história sem autorização da autora.
Para entrar em contato com ela, clique aqui e envie um e-mail.