Por Meh Souza

Era sempre assim.

Ela conhecia alguém, dependendo de sua riqueza material, aproximava-se o bastante para tornar-se íntima.
Namorava poucos meses, o suficiente para que esta pessoa se apaixonasse por ela e lhe pedisse em casamento.
Depois de unidos, passado a lua-de-mel, ela era a melhor esposa que um homem podia encontrar.
O casamento aparenta perfeito, com tudo correndo bem, dois pombinhos apaixonados vivendo as mil maravilhas.
Mas então algo inesperado acontecia, e o rapaz morria. Sempre tinha um explicamento lógico para a polícia.
Ela comparecia ao enterro, chorava e chorava. Demonstrava uma tristeza infinita. Todavia, alguns anos depois, casava-se novamente.
Foi assim com o rapaz moreno que ela diz ter morrido devido a uma reação alérgica fatal, foi assim com um senhor que parece ter sofrido um enfarte, foi assim com um loiro que...
Bom, a morte do loiro ela assumiu. Mas diz ela que foi por legítima defesa.
Por isso, todos faziam comentários maldosos sobre Alex Brendah. Uns diziam que a mulher era amaldiçoada. Outros julgavam-na uma assassina. Os homens temiam até namorá-la, pois juravam uns aos outros que a morte viria após o casamento.
Por este motivo, fui chamado para investigá-la e saber mais sobre a jovem ruiva e misteriosa, viúva de 3 casamentos. Meu objetivo era encontrar pistas para acusá-la dos homicídios.
Asssim, passei três meses estudando seus hábios, decorando seus horários, mas nada havia de estranho com a moça.
Ela morava sozinha, era órfã e rica, costumava acordar cedo e sempre comia bolo no café da manhã.
Posteriormente, tinha o hábito de ler o jornal, saber o que houve na região e riscar as palavras cruzadas.
Depois, Alex passava horas fazendo ginástica, era muito vaidosa.
Entre duas e três horas da tarde, tomava um banho de sol e só então preparava o almoço.
Fazia as refeições sozinha, a não ser pela empregada que ás vezes ela convidava para se sentar a mesa.
Gostava de demorar-se num banho de espuma no final da tarde.
Não tinha o costume de jantar. Ao invés disse, apreciava um delicioso café com chantili.
E passava o resto da noite assistindo a televisão. Gostava de ver filmes de romance.
Ou novelas que retratavam cenas antigas, onde o amor parecia prevalecer.
De fato, tudo o que assistia acabava em casamento.
Raramente usava o computador. Mas quando o fazia, passava horas fazendo pesquisas, navegando e conhecendo pessoas novas através de sites de relacionamento.
Aos finais de semana, saia pela cidade para passear de carro.
Observando meu relatório, meu chefe pediu-me que me aproximasse ainda mais da moça. Não demorou muito para que eu a namorasse, utilizando um leve disfarce. Fingi ser novo na cidade e conquistei-a com romantismo exagerado.
Alex parecia mesmo inofensiva e carismática, um doce de mulher. Sempre lhe convidava para vir a minha casa, passávamos horas conversando.
Ela me contava aventuras de infância, aprendizados e coisas que vira na televisão. Falávamos sobre suas novelas também. Mas ela nunca falava de seus exs, nunca deixava transparecer nada da sua vida íntima e pessoal.
No final de semana, lhe segui cautelosamente. Para minha surpresa, descobri que ela costumava visitar o laboratório da cidade.
Além disso, vi-a entrando em lugares tenebrosos, onde era necessário uma identificação para ter acesso ao portal.
Alex tinha esse acesso. Meu chefe encarregou-se de descobrir o resto. Alex era uma cientista, e recebia parte dos lucros de um grupo de pessoas. Uma gang? Talvez.
Pediu-me então que fosse ainda mais além, e pedisse a mão dela em casamento. Pretendia leva-la para um jantar romântico, onde meus parceiros poderiam vigiar-nos a distância. Qualquer movimento suspeito, e ela seria pega para esclarecimentos. 
Alex pareceu pressentir o plano, pois passou a tarde toda dormindo e mal comeu.
A policial sentada era Nick, uma de nossas melhores. O rapaz de óculos e sobretudo era Marcos, nosso detetive mais eficiente. Alex pareceu não desconfiar de nada. Ela usava sua melhor roupa e estava muito contente.
Quando pedi-lhe em casamento, foi uma grande surpresa para ela. Pareceu realmente emocionar-se, pois seus olhos encheram-se de água.
Não parava de admirar a pedra preciosa do anel, cujo brilho refletia em seu rosto.
Permitiu que eu a colocasse ali mesmo, com todos os rostos voltados para nós. Alex parecia um pouco tímida, não impedindo que seu rosto corasse.
Era inevitável que não reparasse em sua alegria diante da aliança prateada.
Por um instante, senti-me bem em vê-la assim, tão feliz. Tive medo que meus parceiros notassem a emoção tomar conta de mim.
Por fim, ela me abraçou, me beijou e me seguro pelo pescoço, dizendo que queria me matar por aquele susto. Era lógico que estava só brincando, mas não pude reprimir o pavor em meus olhos, e Nick interpretou de outro modo.
Logo, ela separou Alex de mim e começou a acusá-la de estrangulamento. As duas discutiram até que, por fim, Alex disse que estava grávida. Todos tomamos um susto, mas Nick não acreditou nela.
O nervoso foi tanto que Alex desmaiou ali mesmo. Eu tomei o controle da situação, dizendo que precisava levá-la para casa, para entender direito o que ela estava dizendo.
Alex não mentia, eu podia sentir. Por este motivo, decidi que fugiria com ela. Pelo menos até o beber nascer. Simplesmente não podia deixá-la assim, a deriva, enquanto esta esperava um filho meu.
Sua barriga crescia conforme os meses se passavam. Eu acompanhava de perto enquanto meu filho se desenvolvia dentro dela. Não sabia ao certo o que seria da minha carreira depois que tudo passasse.
Decidi, então, contar a verdade para Alex. Disse-lhe que eu era um agente e estava a serviço, mas que acabei me apaixonando por ela. Fui sincero em todas minhas palavras, mas não afirmei que acreditava em sua inocência.
Ela falou que me amava, que me perdoava, e perguntou o motivo da investigação. Quando contei, ela riu.
Começou a me explicar detalhadamente o que houve. E não tinha como não acreditar nela.
Aquele velho, sim, ela gostou dele. Disse-me que ele era o pai que ela nunca teve. E que podia provar que ele morrera de enfarte e não de envenenamento.
O outro, o loiro, até hoje ela trazia consigo cicatrizes de suas ameaças.
O grupo de pessoas que monitorava fazia parte de um programa para salvar as focas, parte das pesquisas que fazia semanalmente no computador era para encontrar meios para arrecadar dinheiro para isto. E, sim, ela era mesmo cientista, mas com conhecimentos intermediários.
Casamo-nos numa pequena ilha, uma cerimônia reservada.
Sim, eu a amava, mas ainda tinha minhas dúvidas, temia que algo pudesse acontecer.
Alex disse que me devia muito por eu lhe dar um filho, pois ela sempre teve problemas para engravidar.
Quando olhava em seus olhos eu podia jurar que ela falava com sinceridade, pois eles não recuavam em momento algum.
E o modo como me abraçava, ah... como me beijava... sim, eu podia ter certeza que ela me amava.
Ou isso, ou ela sabia fingir muito bem.
Eu queria que aquele momento durasse a eternidade.
Mas eu sabia que logo a polícia nos encontraria, e ela podia ser condenada, e eu podia perder meu emprego, e...
Mas não foi bem assim que aconteceu. Assim que Alex teve o bebê, ela fugiu para outro país, dizendo-me por um bilhete para eu cuidar do nosso filho.
Eu passava horas olhando para Gage, procurando semelhanças entre ele a mãe.
Prometi-lhe nunca lhe abandonar, como fizera a mãe.
Alex podia ter ficado para provar sua inocência, eu a ajudaria. 
Então, pensei comigo, ela podia mesmo ser culpada. E caí na dúvida de novo.
Eu passava o tempo todo com Gage, lhe alimentando, brincando com ele, vendo-o dormir.
Pensava no que diria se um dia ele me perguntasse pela mãe.
Meu chefe acreditou em mim quando eu lhe contei sobre a fuga de Alex, mas não pode garantir meu emprego.
Nisso, vi Gage crescer enquanto eu tentava arrumar um emprego, mas as pessoas pareciam não confiar mais em mim.
Ele era birrento. Oh, muito chorão e mimado. Talvez eu fizera isso dele. Será que cresceria uma criança tímida e rebelde? Procuraria pela mãe?
Ensinei-o a dar cada passinho, dizer cada palavra.
Incentivei-o ao estudo, ensinando-lhe tudo o que eu sabia, lendo para ele antes de dormir. Mas eu sabia que nunca substituiria o calor materno.
Talvez, talvez eu não havia sido assassinado porque Alex tivera uma criança comigo. Mas por que ela não o levou consigo?
Pelo menos, aonde quer que ela estivesse, não era conhecida por ser protagonista da lenda da Morte vestir branco.

FIM

Esta história foi escrita por Meh Souza, com autorização para postagem no site www.thesimstv.net
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