5º Capítulo


Anie: Não! Não pode demitir ela! A Fátima é minha única amiga, ela sempre esteve ao meu lado enquanto você estava ausente, mamãe!
Sandra: A Fátima é apenas uma empregada, como tantas outras! E você é muito mimada Anie, está na hora de amadurecer um pouco! Portanto, quer queira ou não, irá se casar com seu primo Kelvin e ponto final!

Sentindo um misto de emoções, onde a angústia e a mágoa se sobressaltavam, saí do reino ás pressas, pois não queria que minha mãe me visse chorando. Por um momento, desejei que o meu pai estivesse presente, afinal, por mais que não demonstrasse carinho, ele também nunca gritara comigo.

Fui para o parque. Lá onde ninguém costumava ir. No fundo, sabia que meu primo não tinha culpa de nada. Ele era apenas mais um que estava sendo influenciado pelos pais. Desejei profundamente não fazer mais parte da realeza.

Ali fiquei até começar a amanhecer. Não sentia vontade de voltar para casa, mas tinha que ir. Ao entrar, tranquei-me em meu quarto e esperei que me trouxessem o café-da-manhã na cama. Olhei para o relógio, o dia já havia amanhecido e eu nem ao menos dormira.

Resolvi tomar um banho, para tentar relaxar. Mas de nada adiantou, eu continuava tensa e melancólica. Certa de que perdi meu sono, agarrei meus livros e voltei ao parque, a fim de encontrar a solidão.

Mas, ao chegar lá, tive uma surpresa. Kelvin estava sentado no mesmo banco que eu costumava me sentar. Ao me ver, pediu que eu me sentasse ao seu lado.
Anie: Kelvin? O que faz aqui?
Kelvin: Estava te esperando. Sabia que viria para cá.
Anie: Sabe primo, eu sempre fiz tudo o que meus pais e educadores mandaram, mas agora decidi que não será mais assim. Quero ter autonomia sobre minha vida. Portanto, não irei me casar com você.

Ambos agoniados, nos levantamos.
Kelvin: Em momento algum pensei que fosse algo tão sério assim. Meus pais me disseram que a minha hora de casar estava se aproximando, e eu precisava encontrar alguém, afinal, já estou com 18 anos. E então, sua mãe nos ligou falando da sua situação e... Sugeriu nosso casamento. Eu não achei uma má idéia, sempre lhe vi como uma bela donzela... Mas eu realmente acreditava que você estava ciente de tudo.

Anie: Como assim, minha situação? Não há nada de errado comigo, pelo contrário, estou me esforçando ao máximo para provar minha competência.
Kelvin: Prima... – dizia ele, enquanto segurava minhas mãos. Minha mãe me disse que a Sandra nunca soube cuidar de negócios, nunca foi uma mulher carismática e tal. Agora que o tio Marcelo se foi, as coisas só vieram a piorar. Sua mãe precisa de você, Anie. Você é inteligente e simpática, todos gostam de você. Se você não tomar o controle da situação logo, tudo estará perdido...

Anie: Oh, meu Pai! Por que é que minha mãe nunca me disse isso? Ah, Sandra... Sandra e seu orgulho! Obrigada Kelvin, obrigada por me esclarecer tudo! Vamos, temos que voltar para lá! – Exclamei, sentindo um pouco de alívio por saber da verdade. E não pude conter o ímpeto de abraçá-lo.

Enquanto subia a escadaria, repensei minha decisão. Estava fazendo a coisa certa? Como seria minha vida dali em diante? Estava pronta para por em prática tudo o que aprendi ao longo desses anos?

Eu só tinha certeza de uma coisa: Não podia decepcionar os habitantes da minha cidade. Sim, eu faria isso, pelo bem da população, agiria conforme minha identidade. Sou uma princesa, não?