Entre Amigas

Capítulo 23

Diretora: Não sei se vocês duas sabem, mas isto aqui é uma instituição de ensino. Esta instituição visa a formação sócio-cultural dos alunos aqui matriculados. Não aceitamos comportamentos que ferem a ética e a moral desta instituição, bem como a dos alunos que aqui estudam.

Eu não sabia onde enfiar a minha cara! Por que eu fui confiar na Adriana mesmo? Sabia que isso não ia dar certo. Mas também não acho justo a Glaucia sair impune de tudo que fez e ainda os outros serem prejudicados por isso, só porque a Diretora da escola é avó dela. Eu nem consigo escutar o que ela está dizendo, de tanta vergonha que estou sentindo neste momento...

Diretora: Então, se vocês têm alguma coisa a dizer, falem agora, ou as duas serão suspensas.
Adriana: Eu não tenho nada a dizer.

TRAIDORA! Fez tudo o que fez e ainda vai me fazer levar a culpa junto? Se fosse minha amiga teria pelo menos dito que o plano era dela! Como eu fui idiota em cair nessa! Eu queria gritar boas verdades ali na hora, dizer o quanto ela era dissimulada, o quanto a Glaucia era vagabunda, e até quando a escola iria acobertar o que ela fazia, mas não tive coragem. Só fiquei pensando no sermão que ia escutar da minha mãe quando voltasse para casa.

Dito e feito! Minha mãe ficou horas e horas e horas e horas e mais horas falando o quanto eu a havia decepcionado, que ela nem sabia o que falar para o meu pai, que na época dela a minha vó a daria uma surra, que a mandaria pra um colégio interno, que ela não sabe mais o que fazer comigo, e blá e blá e blá e mais blá.
Nossa, eu tô totalmente confusa e revoltada. Meus amigos não falam comigo, não acreditam em mim... Sabe quando parece que o mundo inteiro está contra você? Será que eu não consigo dar uma dentro? Eu queria que a minha mãe me aconselhasse, mas ela só sabe me criticar. Não sei mais o que fazer! Sinto um desespero tão grande dentro de mim, que parece que vou explodir!

Meus pais não estão olhando pra minha cara. Além de tudo que está acontecendo, ainda tenho que agüentar isso. Tudo o que eu mais queria era um abraço, alguém que me dissesse “Vai ficar tudo bem!”. Mas parece que ninguém está a fim de ser HUMANO agora, e não pensar apenas em si mesmo. Não comi nada o resto do dia.

Não consigo dormir. Fiquei a noite toda rodando na cama igual a frango de TV de cachorro. Parece que esse pesadelo todo não terá fim. Se eu conseguisse dormir, acho que não ia querer acordar mais.

Queria que alguma coisa fizesse sentido, mas não faz! Não posso contar com ninguém, não posso desabafar com ninguém. Me sinto tão sozinha...

Meu Deus! O que esse menino tá fazendo aqui? Só pode ser zoeira isso...

Débora: C@rinhoso!

Débora: Não vai fugir desta vez?
C@rinhoso: Não.
Débora: Porque você fugiu antes?
C@rinhoso: Estava com vergonha...
Débora: Ué... Vergonha do que?
C@rinhoso: Eu sempre soube quem era você, quando a gente conversava na internet.
Débora: E por que não falou?
C@rinhoso: Tinha medo, sei lá. Quando a gente se cruzava na escola você nem olhava pra minha cara.
Débora: Ah... Desculpa! Você deve achar que eu sou uma metida, né?
C@rinhoso: E você tava sempre com o namorado...
Débora: É... Sabe... Às vezes a gente fica tão fechada num mundinho à parte, que não nos damos conta do que está à nossa volta. Até que um dia esse mundinho desmorona...
C@rinhoso: Olha, se te serve de consolo... Eu não acredito em nada do que estão falando na escola.
Débora: Sério? E... Você veio aqui só pra me dizer isso?
C@rinhoso: Ah... Eu vim meio que ver como que você estava, sei lá... Você vai na escola hoje?

Débora: Não... Estou suspensa.
C@rinhoso: A Adriana também?
Débora: Imagina! Claro que não! Ela se fez de desentendida. Você não conhece o ditado que diz que a corda sempre estoura do lado mais fraco? Pois é... Eu fui ajudar aquela louca, com o plano mais insano do mundo e me dei mal. Mas pode deixar que a partir de amanhã, quando eu voltar pra escola, vai ser tudo absolutamente diferente, você vai ver!

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