Entre Amigas

Capítulo 11

Tudo ao mesmo tempo agora! Foi assim que me senti desde que acordei de manhã!
Primeiro: pegar meu boletim. PASSEEEEEI!!! Finalmente a 8ª série era passado, bem vindo 1º Colegial!!!

Segundo: Me arrumar para o Baile de Formatura. Estava tão nervosa, que nem almocei! A tarde a Nessa veio em casa, nos arrumamos juntas para a festa. Foi muito divertido realizar algo que sonhamos desde a infância. E o mais legal, é que cada uma tinha o seu par. Estava tudo perfeito! Quer dizer, quase tudo, porque eu estava tão nervosa, que passei a tarde toda vomitando. Calma, eu não estou grávida, não! Era nervoso mesmo.

Terceiro: À noite o Marcelo veio buscar a gente. Passamos na casa do Doug, e enquanto a Nessa foi chamá-lo na porta da casa, ficamos conversando no carro:
Débora: Você falou com a Rê?
Marcelo: Falei sim.
Débora: E como ela reagiu?
Marcelo: No começo ela não gostou muito, mas depois que eu falei o quanto eu gosto de você, ela entendeu e achou legal.

Débora assustada. PÉÉÉÉÉÉÉRA, PÁÁÁÁÁÁÁRA TUDOOOOO!!! ELE GOSTA DE MIIIIIIIIM!!!! EU NÃO ACREDITOOOOO!!!
Meu Deus, esse vai ser o melhor dia da minha vida, tenho certeza disso!

Marcelo: Você está muito linda!
Ai, vou morreeeeeeeeer!!! Meu Deus, que dia perfeito! Agora é só torcer para a Dri não estragá-lo!!!!

Chegamos no salão, e a decoração estava linda! Nossa, um grande sonho realizado, com certeza! Todo mundo arrumado, chic, nem pareciam os colegas da escola. Mas era o momento decisivo, e enquanto eu parei na porta, pra admirar a vista e tomar coragem para o que viria a seguir, o Marcelo percebeu meu nervosismo, e ficou me olhando.
Marcelo: Pronta?
Débora: Uhum.
Foi um “uhum” meio baixo, meio “pra dentro”, mas não dava pra adiar mais.

O Marcelo pegou na minha mão e começamos a entrar no salão. Não sei se foi encucação minha, mas a impressão que eu tinha é que todo mundo parou pra ver a gente entrar. Me senti uma estrela de Hollywood no tapete vermelho. Um vestido lindo, uma maquiagem legal, cabelo arrumado e um homem lindo ao meu lado, que ainda por cima é meu namorado e disse que gosta de mim. O que mais eu iria querer? Era uma sensação muito boa, não de me achar a melhor ou a maior do mundo, mas de ter certeza de que coisas boas acontecem para mim também, e o quanto eu fui tola em achar de que essas coisas não aconteciam para pessoas como eu.

Então chegou o momento que eu tanto temia. Cruzamos com a Dri e o Nando. Não consigo descrever a cara que ela fez, quando me viu com o Marcelo. Nossa, parecia que eu tinha insultado até a última geração da família dela, tipo “como ela pôde fazer isso? Como ela se atreveu a aparecer toda produzida e com esse garoto lindo?”. Podem me crucificar, mas nesse momento em me senti “vingada” por tudo que ela fez pra mim. Mas não uma coisa do tipo “ah, bem feito sua vaca”, mas “viu? Não é só pra você que coisas boas acontecem, eu também posso ser feliz, eu também mereço”. A única reação dela foi virar as costas e sumir da minha frente, arrastando o Nando com ela. Quer saber? Fez bem!

Alguns passos à frente, e lá estava a Rê. Confesso que morri, mas morri MESMO de medo que ela partisse pra cima de mim. Mas Marcelo me levou até a mesa deles, a família toda estava lá - credo que vergonha! – e, num primeiro momento, a Rê fez uma cara meio brava, mas depois sorriu e me disse:
Renata: Então vamos ser cunhadinhas?
Nossa, um peso saiu de cima dos meus ombros!
Renata: Mas, porque você não me contou antes?
Débora: Ah, Rê, primeiro porque eu não sabia o que é que estava rolando exatamente entre eu e o seu irmão; segundo que eu tinha muito medo da sua reação. Não fiz pra te prejudicar, ou porque eu não confio em você. Me desculpe.
Renata: Vou ser sincera: quando o Marcelo me contou, eu fiquei pê. Na verdade eu ainda não estava gostando muito dessa história, mas como eu não quero que um dia ele venha interferir nos meus namoros, eu também não vou interferir no dele. E também tem outra: a cara que a Dri fez quando vocês chegaram foi IMPAGÁVEL! Só por causa disso você já merecia um prêmio!!!

Ficamos um tempo ali rindo e conversando, enquanto a Nessa e o Doug dançavam na pista. Nem sinal da Dri e do Nando. Me senti meio mal, sabe? Eu tava tão feliz, que não queria ver ninguém triste, aborrecido ou com raiva nesse dia. Apesar de achar que a Dri tava colhendo o que plantou, ao mesmo tempo eu não desejava mal à ela, de qualquer forma, porque mesmo com todos os defeitos dela, eu a considerava minha amiga, embora a minha amizade não fosse recíproca à mesma altura.

Depois de tanto dançar, comer, beber – nossa, tava tudo tãããããão gostoso! – fui no banheiro dar uma retocada na maquiagem. Aliás, é claro, fomos em trio, porque meninas nunca vão ao banheiro sozinhas, né? Aproveitamos para fofocar, falar dos gatinhos da festa, dos vestidos que estavam muito bonitos, dos vestidos que estavam cafonéééééésimos, da professora que estava dando vexame na pista de dança e, é claro, destilar um certo veneninho contra a Dri.

Quando saímos do banheiro, vimos uma cena lastimável: a Dri estava num canto, toda desconcertada, visivelmente abalada, chorando, gritando com o Nando, e ele gritando com ela. Nesse momento a Rê deu uma risadinha de satisfação, mas eu fiquei com pena e preocupada. Pensei em falar com ela, mas quando ela percebeu nossa presença, saiu feito doida, em direção à saída. Podem me chamar de idiota, mas eu fui atrás dela.

Débora: Calma, Dri, o que aconteceu?
Adriana: O que é que te interessa, sua vagabunda? Você fala de mim, mas você fica com tudo que é garoto!
Débora: Isso não é verdade.
Adriana: É sim! O Nando, o Marcelo... Quem será o próximo da sua listinha, heim?
Débora: Eu sei que você ta com raiva e ta falando isso só pra me magoar, mas eu to preocupada com você, e quero saber o que está acontecendo.
Adriana: Preocupada nada! Você quer é fazer fofoca, ir contar tudo para a Renata, pra depois tripudiarem em cima de mim. Vocês são farinha do mesmo saco, vagabundas, falsas e idiotas.
Débora: Ai, Adriana, quer saber? Eu não sei porque eu perco meu tempo com você. Eu tentei ser sua amiga, mas você é tão egoísta, mas tão egoísta, que não merece que eu perca meu tempo e minha amizade com você.
Adriana: Dane-se você, Débora! Vá viver a sua vida perfeitinha, cheia de mimos e nhenhenhés. Você não tem idéia do que eu estou passando. Enquanto você vive na sua bolha, existe pessoas com problemas reais.
Débora: E quem disse a você que eu não tenho problemas reais? Quem disse a você que eu vivo em uma bolha e que a minha vida é perfeitinha? Você também não sabe o que eu tenho passado, mas incrivelmente prefere se fechar no seu egoísmo a ter uma amiga com quem compartilhar.



Adriana: Chega de lição de moral! Você sempre tem uma liçãozinha para dar a alguém, e é isso que eu não suporto em você.
Débora: Pois eu também não suporto várias coisas em você, mas te aceito do jeito que você é, porque te considero minha amiga.
Adriana: Ai, chega! Chega! Chega! Me esquece e some da minha frente!

Adriana saiu andando pela rua, nem sei se ela mesma sabia pra onde estava indo. Bom, eu tentei, e agora eu tinha que parar de sentir pena dela e voltar pra festa que esperei a minha vida toda.
Marcelo: O que aconteceu?
Débora: Nossa, não vi que você estava aqui. Você viu a cena?
Marcelo: Só o finalzinho. Não sei porque você perde tempo com essa garota.
Débora: Pois é, eu também não sei.
Marcelo: Vem, vamos voltar lá pra dentro.

Quando voltamos, estava o maior buchicho na mesa, entre Doug, Nessa e a Rê.
Douglas: Eu realmente não sei o que aconteceu, mas meu irmão estava muito transtornado.
Renata: Aposto que ele pegou a Dri traindo ele com outro.
Débora: Nossa, que coisa feia de se falar, Rê.
Renata: Mas é verdade! Todo mundo sabe que a Dri traía o Nando.
Débora: Do mesmo jeito que o Nando também traía a Dri.
Vanessa: Ah, gente, foi só mais um namoro terminado, só isso. Namoros terminam todos os dias.
Renata: É, mas ela tava muito transtornada. Aliás os dois estavam, e eu quero, preciso, NECESSITO saber o porquê!
Marcelo: Eu acho que vocês deveriam é curtir essa festa, porque outra como essa, só quando terminarem o Colegial.
Vanessa: É verdade, concordo com o Marcelo! Vamos dançar, vai!

Nem sei até que horas da manhã ficamos dançando, só sei que o sol já tinha nascido quando voltei para casa. Meus pais já estavam até dormindo, mas não ficaram bravos, porque queriam que eu aproveitasse mesmo a minha formatura. E puxa, como aproveitei! Acho que nunca me diverti tanto! Mas não deixava de pensar na Dri. O que poderia ter acontecido com ela? Na hora, quando ela disse aquelas coisas absurdas, sendo que eu tinha a melhor das intenções, eu fiquei com muita raiva, mas muita raiva MESMO dela. Mas agora, eu não consigo mais ter nenhum tipo de sentimento ruim. Eu estou mesmo preocupada com ela. Tentei desencanar e dormir. E até que peguei no sono rápido, porque eu tava muito cansada.

No dia seguinte eu liguei pra casa da Dri, pra tentar falar com ela, saber como ela estava. Quem atendeu o telefone foi Marlene, mãe da Dri. Tomei um baita susto e entrei em choque quando ela me disse que a Dri iria estudar 1 ano fora do País. Já havia pego o avião e tudo. Poxa, ela nem falou anda, nem se despediu. Parecia algo não planejado, porque ela nunca havia comentado com a gente sobre estudar fora. Fiquei mais preocupada ainda, mas naquela altura, não havia mais nada que eu pudesse fazer. De certa forma, senti um pequeno alívio por não ter que conviver com a Dri durante 1 ano, embora não entendesse essa decisão, que parecia ser um tanto quanto desesperada.

Agora era só dar tempo ao tempo e curtir as férias, porque EU MEREÇO FÉRIAAAAS, depois desse ano turbulento que tivemos!

* Este foi o último capítulo de 2008 de Entre Amigas. Novos capítulos apenas em 2009. Obrigada por acompanhar a série! *

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