Entre Amigas

Capítulo 07

Eu precisava falar com alguém! Mas não podia ser nem a Dri, nem a Rê, porque a coisa entre nós estava feia.
Ainda bem que essa é a semana do saco cheio, a gente não tem aula, então vai ser bom esfriar a cabeça um pouco, e ver como que a situação se resolve na volta.

Aparentemente meus pais se entenderam, pelo menos por enquanto. Não sei se eu puxava esse assunto com a minha mãe, porque fiquei com medo que ou ela me colocasse de castigo, ou ela contasse pro meu pai e ele me colocasse de castigo.

Resolvi ir na casa do Doug, tentar falar com o Nando, me desculpar sei lá, afinal eu saí correndo, nem falei mais nada com ele, depois do nosso beijo. Mas eu não poderia na casa dele, sem antes falar com a Nessa, afinal eles são namorados, e quando amigas namoram amigos, existem certos protocolos a serem seguidos. Bom, pelo menos EU gostaria que fizessem isso comigo... Enfim...

Débora: Tudo bem se eu for lá, então?
Vanessa: Claro, nem precisava perguntar!
Débora: Mas olha, eu nem vou pra falar com o Doug, vou mesmo por causa do Nando.
Vanessa: Tudo bem, relaxa. Eu ia mesmo te ligar. Como que você está?
Débora: Ah, nem sei viu, Nessa. Por isso eu quero ir falar com o Nando.
Vanessa: Olha, não é por nada, não, mas eu fui lá hoje, e quando eu cheguei, a Dri estava lá.
Débora: Ué... Fazendo o que?
Vanessa: Não sei, mas estava falando com o Nando. Eu perguntei pro Doug se ela vinha aqui com freqüência, e ele me disse que não.
Débora: Que diabos essa garota foi fazer lá?
Vanessa: Eu realmente não sei, e nem vi quando ela foi embora, para o Doug não perceber nada.
Débora: Ele já sabe sobre eu e o Nando?
Vanessa: Acho que não...
Débora: É melhor que fique assim, então. Obrigada por me avisar!

Saí de casa tensa, e durante o caminho todo fui pensando no que dizer ao Nando. Como alguém beija uma pessoa e sai correndo? Que estúpida eu fui! Será que ele vai me entender? Será que eu devo contar a ele que ele foi o primeiro garoto que me beijou? Será que ele meio que sacou que eu era BV? Será que ele vai conseguir me perdoar? Ai, tantas dúvidas passavam pela minha cabeça! Ao mesmo tempo que eu queria ser franca, dizer a ele tudo o que eu estava sentindo, morria de medo, porque eu não queria que ele pensasse que eu sou uma babaca, uma retardada, sei lá. E o que significou para ele esse beijo? Por que ele me beijou afinal?

Esses meus pensamentos doidos só sumiram quando eu encontrei o próprio Nando no meio do caminho. Eu não sei onde ele estava indo, mas talvez tenha sido destino a gente se encontrar no meio caminho, assim eu não precisaria explicar para o Doug o porquê da minha visita repentina. Mas eu não sabia como começar a conversa, o que dizer... Será que eu deveria dar um beijo no rosto dele? Deveria dar um aperto de mão? Um abraço? Um simplesmente falar um “oi” e ir diretamente ao assunto?

Bom, isso é uma coisa que eu JAMAIS saberei, porque assim que nos cruzamos na calçada, o Nando passou por mim como se eu não existisse! Eu até parei e olhei para ele, e alguma coisa me segurou, que eu não consegui sequer falar o nome dele. Será que ele não me viu? IMPOSSÍVEL! Só tinha a gente na calçada, passamos lado a lado, como ele não teria me visto? É, ele me ignorou sim! Será que ele está achando que eu não gostei do beijo, ou que eu não gosto dele, só porque eu saí correndo? Puxa, eu preciso me explicar a ele!

Resolvi ir até o final do percurso, e me abrir com o Doug. Mais cedo ou mais tarde ele vai ficar sabendo, é melhor que seja por mim, e ninguém melhor do que o próprio irmão para dar alguns conselhos, do que eu deveria fazer.
Quando eu cheguei lá, o Doug parecia meio nervoso. Se a Dri tinha ido mesmo lá, coisa boa não deveria ter acontecido. Não sei porque, mas eu estava sentindo que algum bafafá iria rolar.

Débora: Ta, pela sua cara você já sabe...
Douglas: Como você pode ficar com o meu irmão?
Débora: Pêra, vamos por partes! Eu não FIQUEI com o seu irmão. ELE é que me beijou quando você e a Nessa saíram da sala. E foi um beijo apenas, eu saí correndo e nunca mais falei com ele. Foi Meu primeiro beijo, eu não sabia como reagir, e meu primeiro impulso foi sair correndo. Então eu vim aqui pedir desculpas a ele, mas eu cruzei com o Nando pelo meio do caminho, e ele sequer olhou na minha cara! Eu liguei para a Nessa antes de vir para cá, e ela me disse que a Dri esteve aqui. Doug, o que está acontecendo?
Douglas: Hum, bem que eu achei estranho o que o Nando me disse.
Débora: O que ele te disse?
Douglas: Que a Dri falou para ele, que você falou para as meninas, que ele beija mal, tem bafo, que saiu correndo porque ele é um idiota, e que você ficou rindo e debochado dele.
Débora: MAS ISSO É MENTIRA! Pode perguntar para a Nessa, ela estava junto!
Douglas: Eu nem preciso perguntar para ela, porque pelo que te conheço, eu sei que você jamais faria isso. E eu disse isso a ele.
Débora: E o que ele disse, quando você falou isso pra ele?
Douglas: Ele que tanto faz, que agora ele estava com a Dri, e que ela tinha razão sobre você, e que ela faz bem em não querer que o namorado dela se misture com outras por aí.
Débora: O QUÊ? DESDE QUANDO EU SOU OUTRAS POR AÍ?
Douglas: Desculpa, Debby, eu to te falando porque você me pediu!
Débora: AI, QUE ÓDIO DESSA FALSA FILHA DA MÃE DA DRI! Me dá o telefone, que eu vou fazer um escândalo com ela, e é já!

Eu queria esfolar a Dri viva! Como ela podia fazer isso comigo, falar desse jeito de mim? Nós somos amigas há tanto tempo! Quem é essa pessoa que eu ACHAVA que conhecia? Olha, a sorte dela é que quando eu liguei, a mãe dela disse que ela tinha acabado de sair, pra ir no shopping com o Nando, porque se eu a tivesse pego no telefone, ela ouviria poucas e boas! Comecei a chorar compulsivamente.

Douglas: Clama, Debby, não fica assim!
Débora: Como eu pude confiar tantos anos nessa menina, me diz, Doug?
Douglas: Deixa ela pra lá, esquece isso, você é muito melhor que ela! E, sinceramente? Meu irmão não presta! Ele chuta todas as meninas com quem fica, não quero o mesmo pra você!
Débora: Eu quero vingança!
Douglas: Vingança não leva a nada, Debby! Agora que você já sabe quem ela é, porque você não dá a corda para ela se enforcar?
Débora: Como assim?
Douglas: Aja com ela da mesma forma com que ela age com você. Não deixe ela saber que te atingiu, nem que você sabe da verdade do que ela falou para o Nando. Faça de conta que está tudo bem, só para ver como ela vai reagir. Dessa forma você estará sempre um passo na frente das tramóias dela.
Débora: Hum, sabe que você tem razão? Vou fazer isso! Então nem fale pro Nando que eu estive aqui.
Douglas: Combinado!
Débora: Agora vou para casa me afogar num pote de sorvete!

Não sei dizer se estava feliz ou triste quando saí da casa do Doug. Mas pela primeira vez em muito tempo, alguma coisa fazia sentido.

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