Episódio 3:
Um Mistério em River View (parte 1)

Lá estava eu, vagando sozinho pelas sombrias ruas de River View. Estava totalmente desamparado e embriagado, minha vida perdera o sentido! Fui andando de cabeça baixa pelas ruas e escutei umas pessoas conversando e dando risadas, eles não têm esse direito! Eu estou aqui sofrendo e eles se divertindo, isso é um absurdo! Virei para vê-los e tudo ficou mais infrator ainda: era um casal com um rescém-nascido! Eu, um salvador da Pátria, perdi toda a minha família em um trágico acidente quando era adolescente, só me restando uma companheira fria e de metal que carrego nos bolsos desde que fui demitido, e eles sorrindo e apreciando a companhia da família. Eles não conhecem a verdadeira face da vida, mas vou apresentá-la a eles. Tirei a minha companheira do bolso, apontei para eles, que reagiram com um grande susto e pedindo misericórdia, e logo disse que a vida não é misericordiosa e puxei o gatilho duas vezes.



Olá, leitores. Já faz alguns dias que agente não se vê, vou contar a vocês o que aconteceu nesses últimos dias. Eu peguei firme na minha horta e trabalhei noite e dia, tendo pausas apenas para cochilar, comer e tomar banho. O esforço valeu apena, pois acabei de construir um quarto para guardar a minha cama e poder dormir mais tranqüilo, isso não é bem o que eu esperava, mas já é um começo. Percebi que se eu continuar trabalhando duro assim vou ter uma casa logo logo. Mas por enquanto dêem uma olhada no meu pequeno quarto!



Eu tenho tido uns pesadelos nesses últimos dias, como esse que eu acabei de descrever, eles me lembram muito o assassinato de meus pais, mas como eu poderia me lembrar disso se eu era tão pequeno na época? Deve ser tudo fruto da minha imaginação, porém eu ainda sinto que o meu subconsciente quer me dizer algo.



Fui tomar um banho na academia, e após o banho encontrei um velho amigo do orfanato chamado Lauro. Ele disse que veio morar em River View porque aqui tem bem mais ofertas de empregos do que na cidade onde crescemos, ele também me entregou uma foto velha que eu esqueci no orfanato, era uma foto dos meus pais, pelo que parece eles tiraram assim que chegaram em River View e está cheio de outras pessoas no fundo. Nossa, eu reconheceria este rosto em qualquer lugar! É a Florinda criança, atrás dos meus pais na foto. Uau, até que ela não mudou tanto assim!! Hahahahaha, mas como ela era uma criançinha linda! E ainda continua bonita apesar da idade estar chegando( nossa, ela não pode ouvir isso!).



Na noite seguinte,criei coragem e liguei para Nancy convidando-a para sair. Ela aceitou na mesma hora e quando nos encontramos ela me alertou que um assassino fugiu da cadeia e foi visto aqui nos arredores de River View, eu deveria ficar atento. Ela também me disse que foi transferida para a cidade vizinha para trabalhar no caso desse fugitivo. Essa talvez fosse a última vez que nos veríamos ( mas que droga! Nada está dando certo ).



Nancy e eu estávamos nos divertindo abeça e ela insistiu que queria conhecer a minha nova casa, eu disse que ainda não estava pronta, mas acabamos indo mesmo assim. Lá as coisas começaram a melhorar para nós!



Após trocar algumas belas palavras, nós íamos nos beijar,mas algo aconteceu e Nancy foi embora correndo sem dizer mais nada! Eu fiquei completamente perdido, sem saber o quer fazer, o que será que houve com ela? Será que eu estava sendo precipitado? Será que ela tem namorado?As dúvidas estavam começando a tomar conta de mim.



No outro dia cedo, fui checar a correspondência antes de cuidar das plantas e encontrei algo estranho e assustador. Era um bilhete com o escrito: “Cuidado, eu estou de volta na cidade! Mas não se preocupe, eu não vou querer nada com você, desde que não se meta no meu caminho!” Esse bilhete realmente me deixou intrigado e não tinha remetente, então fui cuidar das plantas e pensei em passar no correio em seguida para conseguir informações.



Após passar no correio e no supermercado para vender meus produtos resolvi dar uma passada na academia. Lá, comecei a pensar no que o cara do correio me disse: “Eu não me lembro exatamente de quem trouxe a carta de que você falou, mas era um homem sério que parecia ter sofrido muito durante sua vida. Ele não era idoso, mas não era jovem adulto também. O homem era negro e também estava com algum tipo de emblema, parecido com um broche do exército.” Não havia dúvidas, o homem só podia ser o ex-militar que assassinou meus pais! Mas e agora? O que eu deveria fazer? Chamar a Nancy? Melhor não... Pensando bem, eu nem conheço o rosto do assassino, talvez eu deva fazer uma pequena pesquisa antes. Ei! A foto! Talvez eu encontre algo interessante no fundo dela.Olhei a foto e... Sim! Um homem um pouco mais velho que os meus pais e ele está vestindo uma farda, talvez Florinda saiba um pouco mais sobre ele. Já sei o que vou fazer amanhã de manhã!



Acordei, cuidei das plantas, tomei um banho, almocei e acabei indo falar com a Florinda só de tarde. Encontramo-nos no Mirante e eu mostrei a foto a ela,mas sem contar os detalhes da história,e ela disse se lembrar desse homem. Ele era um militar famoso que serviu ao exército desde os 18 anos de idade e foi com essa mesma idade que cometeu um ato heróico de salvar 5 crianças de um criminoso. Ele se empolgou com a fama e deixou o exército para trabalhar na delegacia,achou que teria mais chances de virar um “herói” local lá. Após alguns anos trabalhando como policial e sem fazer nenhum resgate memorável nem prender nenhum criminoso perigoso, ele enlouqueceu. O pobre homem começou a forjar seqüestros e resgates: todo mês seqüestrava alguém e deixava preso em alguma casa abandonada e alguns dias depois aparecia fingindo ser um herói e “resgatava” a pessoa. Logo todos começaram a perceber que ele era um farsante e então pirou de vez! Os policiais o perdoaram porque ele era muito querido na cidade, mas mesmo assim foi demitido. O pobre homem tentou voltar ao exército, mas não foi aceito porque estava fora de forma e também um pouco velho para continuar de onde parou. Então o homem desapareceu por uns dias e depois reapareceu viciado em bebidas e dando escândalos pela cidade toda. Até que em um certo dia passou dos limites e matou um casal deixando um garotinho órfão. Quando Florinda terminou de dizer esta última frase ela percebeu a minha tristeza e sofrimento, e como se tivesse lido a minha mente, disse: “Aí, meu Deus! O garotinho era você James!” Ela me abraçou e começou a me consolar...